por Graça Salgueiro
“Os mitos desmoronam por si mesmos mas só podem ser totalmente
banidos pela verdade”.
Dmitri Volkogonov
O presidente Hugo Chávez está entrando em seu inferno astral mas conta com bons estrategistas que o ajudam a mudar o rumo da prosa quando a luz vermelha se acende. É característico de seu comportamento obsessivo-compulsivo falar o que pensa sem medir as palavras e de tomar atitudes, as mais absurdas e criminosas, sem prever as conseqüências que podem advir desses rompantes.
Dentre estes fatos os mais notórios dos últimos tempos são: a modificação de 69 artigos da Constituição, na qual foi derrotado no Referendum de 2 de dezembro de 2007; os destemperados rótulos e xingamentos ao presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, que considera um “cachorro do Império”; a solicitação ao mundo para acolher as FARC como um “agrupamento político beligerante”; o anúncio na Assembléia Nacional de que mastigava folhas de coca diariamente, ofertadas pelo cocalero Evo Morales, presidente da Bolívia; o minuto de silêncio em cadeia nacional pela morte de Raúl Reyes, e, finalmente, a criação da Lei do Sistema Nacional de Inteligência e Contra-Inteligência.
Esta Lei estabelece que todo cidadão fica obrigado a cooperar ilimitadamente com os novos órgãos de Inteligência, com os Conselhos Comunais chavistas e demais associações da militância e, em caso de negar-se a fazê-lo, será punido com uma condenação de dois a quatro anos de cárcere e se for funcionário público a pena é de quatro a seis anos de prisão. No Art. 19, a nova Lei autoriza o “emprego de qualquer meio especial ou técnico para a obtenção e processamento de informação” (Gaceta Oficial Nº 38.940 de 28 de maio de 2008), o que significa que os novos agentes secretos de Chávez podem interceptar correspondência, grampear ligações telefônicas, torturar para obter informação, seqüestrar, drogar, violentar, ameaçar, humilhar em público e até assassinar, tudo em nome da “Segurança Nacional”.
Quando esta Lei foi divulgada começaram as pressões, inclusive dentro das Forças Armadas, para anular esta aberração que Chávez criou utilizando-se das prerrogativas da Lei Habilitante. Uma semana depois, no programa dominical “Alô, Presidente” do dia 8 de junho, aparece um novo Chávez, conciliador, fazendo um mea culpa pelos “exageros” cometidos na tal Lei, alegando em sua defesa ter-se lembrado da tentativa de golpe liderado por ele em 1992 e que não fora, nem aceitaria, ser coagido para delatar quem quer que fosse porque isto era uma violação aos direitos humanos. Em vista deste “reconhecimento”, suspendeu a tal Lei até que fossem revistos alguns artigos.
Ainda no mesmo programa pediu que as FARC se desmobilizem e entreguem todos os reféns, porque a “guerra de guerrilhas é história” e “não se justifica derrocar um governo democraticamente eleito”. Dias depois foi a vez de Rafael Correa, o boneco de ventríloquo de Chávez, repetir o mesmo discurso cínico dizendo: “Por favor, já basta, deixem as armas, vamos ao diálogo político e diplomático para encontrar a paz. Dissemos isso 500 vezes”. (...) “Que futuro tem uma guerrilha que combate um governo democrático, ao menos em aparência, e que não tem nenhum apoio popular no século XXI?”.
Bem, esta solicitação de Chávez teve boa acolhida no governo colombiano e o presidente Uribe agradeceu o gesto de seu par venezuelano [1], passando por cima de todas as agressões e ofensas. Por outro lado, a Corte Suprema de Justiça da Colômbia solicitou à Scotland Yard que revisasse os computadores de Raúl Reyes para corroborar o informe da INTERPOL de que o material ali encontrado era autêntico e não fora violado, alterado ou suprimido.
O que se depreende de todas estas informações? Em primeiro lugar, Chávez pode ter iludido o mundo inteiro com estas declarações, parecendo ter recobrado a sensatez, mas não aos venezuelanos que o conhecem muito bem. Sua popularidade de dezembro até os dias de hoje despencou para risíveis 28% e este é um ano de eleições importantes, para prefeitos e governadores. Ele ainda aguarda o aval do Brasil para ingressar no MERCOSUL e ser defensor das FARC nesse momento depõe contra. Chávez sabe que as FARC estão em franco declínio - em decorrência do excelente trabalho realizado pelos orgãos de Segurança colombianos -, que contam com não mais que míseros 3% de apoio popular e que a Venezuela também é vítima deste bando terrorista por seqüestros, assassinatos e pelo tráfico de drogas e armas.
A Venezuela tem um dos índices de seqüestros mais elevados do mundo – muitos deles pelas mãos das FARC, que Chávez não reclama porque não rendem dividendos políticos - e os crimes por encomenda cresceram tanto, que já são uma das principais causas de morte no país. Por outro lado, os venezuelanos já foram vítimas da espionagem chavista – extra-oficialmente – através das famigeradas listas “Tascón” e “Maisanta” e continuam sendo perseguidos, ameaçados e encarcerados injustamente [2]. Chávez sabe, portanto, que está encurralado, que os venezuelanos o conhecem muito bem e já estão fartos de suas mentiras, de suas truculências e de vê-lo dizer uma coisa hoje para desmentir amanhã, se assim lhe for conveniente politicamente.
Por outro lado, já se sabe das ligações do PT e de funcionários do alto escalão do governo brasileiro com as FARC mas o presidente Lula, malgrado as substanciais provas de envolvimento através dos Encontros do Foro de São Paulo, será poupado, ou melhor, blindado, como vem sendo desde que assumiu o primeiro mandato em 2003.
A política, já disse alguém, é a “arte do possível”. Por isso Uribe fecha os olhos e poupa Lula de uma denúncia formal de envolvimento com as FARC, agradece a Chávez pelo seu pronunciamento e reata relações diplomáticas com o Equador. Por isso também, Rafael Correa mudou seu discurso porque sabe, tanto quanto Chávez, que corre o risco de entrar para a classificação de “países amigos de terroristas” dado pelos Estados Unidos e União Européia. Dependendo comercialmente dos Estados Unidos eles cedem, numa relação de amor e ódio, uma relação tão patológica quanto suas formas de governar.
Chávez está com medo mas, como todos os líderes totalitários não se importa muito em perder coisas materiais, desde que não perca o poder. Por isso muda o discurso, torna-se compassivo, chora, apela, finge-se de amigo mas sobretudo mente; mente muito e vai continuar mentindo. E é por isto mesmo que este reconhecimento não pode ser simplesmente aceito e a página virada. Não! Se ele não pede para sair, tem que ser julgado e posto na cadeia pelos seus crimes, pois ele é parte dos problemas causados pelas FARC, não só na Colômbia mas em toda a América Latina.
Notas:
[1] Ouça o áudio do agradecimento aqui
[2] Payolibre.com
Escrito originalmente para o Jornal Inconfidência de Belo Horizonte.
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En español
Señor Chávez ¿Tiene miedo? ¡Entonces váyase!
El presidente Hugo Chávez está entrando en su infierno astral, pero cuenta con buenos estrategas que lo ayudan a cambiar de rumbo verbal cuando la luz roja se enciende. Es característico de su comportamiento obsesivo-compulsivo hablar sobre lo que piensa sin medir las palabras, y de asumir actitudes, las más absurdas y criminales, sin prever las consecuencias que pueden surgir de eses ímpetus.
Entre estos hechos, los mas notorios últimamente son: la modificación de 69 artículos de la Constitución, la cual fue derrotada en el referéndum del 2 de diciembre de 2007; los titulares destemplados y las groserías contra el presidente Álvaro Uribe, de Colombia, a quien considera un “cachorro del Imperio”; la solicitud a la comunidad internacional de acoger a las FARC como un “grupo político beligerante”; la confesión en la Asamblea Nacional de que masticaba diariamente hoja de coca, enviada por el cocalero Evo Morales, Presidente de Bolivia; el minuto de silencio en cadena nacional por la muerte de Raúl Reyes; y, finalmente, la promulgación de la Ley del Sistema Nacional de Inteligencia y Contrainteligencia.
Esta ley establece que todo ciudadano queda obligado a cooperar ilimitadamente con los nuevos órganos de inteligencia, con los Consejos Comunales chavistas, y demás asociaciones de su militancia; y, en caso de negarse a hacerlo, será castigado con una condena de dos a cuatro años de cárcel, y si fuera funcionario público, la pena es de cuatro a seis años de prisión. En el Artículo 19, la nueva ley autoriza el “empleo de cualquier medio especial o técnico para la obtención y el procesamiento de la información” (Gaceta Oficial Nº 38.940 de 28 de mayo de 2008); lo que significa que los nuevos agentes secretos de Chávez podrán interceptar correspondencia, grabar conversaciones telefónicas, torturar para obtener información, secuestrar, drogar, violentar, amenazar, humillar en público, y hasta asesinar, todo en nombre de la “Seguridad Nacional”.
Cuando esta ley fue promulgada, comenzaron las presiones, incluso dentro de las Fuerzas Armadas, para anular esta aberración que Chávez creó, utilizando las prerrogativas de la Ley Habilitante. Una semana después, en el programa dominical “Aló, Presidente” del día 8 de junio, apareció un nuevo Chávez, conciliador, haciendo un mea culpa por las “exageraciones” cometidas en la Ley, alegando en su defensa haberse recordado de la intentona del golpe liderado por él en 1992, en el que no se ha dejado, ni hubiera aceptado, ser presionado para delatar a los involucrados, porque esto hubiese sido una violación de los derechos humanos. En vista de este “reconocimiento”, suspendió la Ley, hasta que fuesen revisados algunos artículos.
En el mismo programa, Chávez pidió a las FARC que se desmovilicen y entreguen a todos los “rehenes”, porque la “guerra de guerrillas pasó a la historia” y “no se justifica derrocar un gobierno democráticamente electo”. Días después salió Rafael Correa, el muñeco ventrílocuo de Chávez, a repetir el mismo discurso cínico, diciendo: “Por favor, ya basta, dejen las armas, vamos al diálogo político y diplomático para encontrar la paz. Decimos eso 500 veces”. (…) “¿Qué futuro tiene una guerrilla que combate un gobierno democrático, al menos en apariencia, y que no tiene ningún apoyo popular en el siglo XXI?”
Pues bien, esta solicitud de Chávez tuvo buena acogida en el gobierno colombiano y el presidente Uribe agradeció el gesto de su par venezolano [1], pasando por encima de todas las agresiones y ofensas. Por otro lado, la Corte Suprema de Justicia de Colombia solicitó a Scotland Yard, que revisara las computadoras de Raúl Reyes para corroborar el informe de la INTERPOL, de que el material allí encuentrado era autentico y no ha sido violado, alterado o suprimido.
¿Qué se desprende de todas estas informaciones? En primer lugar, Chávez puede haber engañado al mundo entero con estas declaraciones, pareciendo haber recobrado la sensatez, pero no a los venezolanos, que lo conocen muy bien. Su popularidad desde diciembre hasta hoy en día ha descendido hasta un risible 28% y este es un año de elecciones importantes, para alcaldes y gobernadores. Él todavía espera el aval de Brasil para ingresar al MERCOSUR y ser un defensor de las FARC juega en su contra. Chávez sabe que las FARC están en franco descenso - como resultado del excelente trabajo realizado por los cuerpos de Seguridad colombianos -, que cuentan con no más del un mísero 3% de apoyo popular, y que Venezuela también es víctima de esta banda terrorista por los secuestros, asesinatos, y por el tráfico de drogas y armas.
Venezuela tiene uno de los índices de secuestros más elevados del mundo – muchos de ellos por manos de las FARC, que Chávez no reclama porque no rinden dividendos políticos - y que los crímenes por encargo crecieron tanto, que ya constituyen una de las principales causas de muerte en el país. Por otro lado, los venezolanos ya fueron víctimas del espionaje chavista – extraoficialmente - a través de las célebres listas “Tascón” y “Maisanta”, y continúan siendo perseguidos, amenazados y encarcelados injustamente [2]. Chávez sabe, por tanto, que está acorralado, que los venezolanos lo conocen muy bien y ya están hartos de sus mentiras, de sus truculencias, y de verlo decir una cosa hoy para desmentirla mañana, si así le conviene políticamente o simplemente le da a gana.
Por otra parte, ya se sabe de los vínculos del PT y de funcionarios de alto nivel del gobierno brasileño con las FARC, pero el presidente Lula, a pesar de las pruebas sustanciales de su relación con la guerrilla a través de los Encuentros del Foro de Sao Paulo, ha sido protegido, o mejor dicho, blindado, desde que asumió su primer mandato el 2002.
La política, ya dijo alguien, es el “arte de lo posible”. Por eso, Uribe cierra los ojos y evita denunciar formalmente a Lula por su relación con las FARC, agradece a Chávez por su pronunciamiento, y reanuda relaciones diplomáticas con Ecuador. Por eso, también, Rafael Correa cambió su discurso, porque sabe, tanto como Chávez, que corre el riesgo de entrar en la clasificación de “países amigos de terroristas” tanto por parte de los Estados Unidos, como de la Unión Europea. Dependiendo comercialmente de los Estados Unidos ellos ceden, en una relación de amor y odio, una relación tan patológica como sus formas de gobernar.
Chávez tiene miedo pero, como todos los líderes totalitarios, no le importa mucho perder cosas materiales, mientras no pierda el poder. Por eso cambia su discurso, se torna compasivo, llora, apela, finge ser amigo, pero sobretodo miente; miente mucho y va a continuar mintiendo. Es por esto mismo que esta situación no puede ser sencillamente aceptada, no puede pasarse la página. ¡No! Si él no se va por su cuenta, tiene que ser juzgado y encarcelado por sus crímenes, puesto que él es parte de los problemas ocasionados por las FARC, no sólo en Colombia sino en toda América Latina.
Autor: Graça Salgueiro
En La Historia Paralela
OBS- Peço desculpas à Graça Salgueiro, mas não resisti e grifei parte do texto.
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